17/04/2024 às 23h05min - Atualizada em 18/04/2024 às 00h00min

O que o intestino tem a ver com a ansiedade? Novo estudo indica relação

A microbiota intestinal tem uma forte relação com o cérebro, mas estudos têm relacionado-a também com a ansiedade, por exemplo, explica o médico psiquiatra Dr. Flávio H. Nascimento

MF Press Global
© Divulgação/Freepik

A ansiedade é um dos maiores problemas de saúde mental atualmente, com destaque para o Brasil que, de acordo com a OMS - Organização Mundial da Saúde - é o país mais ansioso do Mundo. No entanto, a sua formação é bastante complexa e depende de uma série de fatores que têm sido cada vez mais estudados.

De acordo com o médico psiquiatra Dr. Flávio H. Nascimento, as causas da ansiedade podem variar entre fatores genéticos, emocionais e biológicos.

A ansiedade tem causas multifatoriais, a predisposição genética, por exemplo, pode influenciar, assim como experiências traumáticas e desequilíbrios químicos no cérebro também são importantes”.

A microbiota intestinal e o seu papel na ansiedade

A microbiota intestinal, composta por trilhões de microrganismos, não tem relação apenas com o sistema digestivo, mas também na saúde do cérebro. Esses microorganismos ajudam na produção de neurotransmissores e se relacionam com várias células nervosas também presentes na região.

Mas além destas relações, a microbiota intestinal também pode estar relacionada com o desenvolvimento da ansiedade. É o que aponta um novo estudo publicado por pesquisadores do Instituto Karolinska na revista científica PNAS. 

O experimento foi realizado em 72 ratos que tiveram a sua flora intestinal natural eliminada com antibióticos e foram divididos em dois grupos: Um recebeu as fezes de pessoas com ansiedade e o outro as de indivíduos sem a condição. Após o procedimento, eles foram observados socialmente e submetidos a exames durante seis semanas. 

Apesar de outros sintomas de ansiedade, como suor ou manifestação de hormônios inflamatórios, não terem sido observados, os pesquisadores identificaram uma clara relação entre a microbiota intestinal e a manifestação de ansiedade nos animais.

Como a descoberta pode alterar a prevenção e tratamento da ansiedade?

A descoberta ainda é bastante experimental e para manifestar resultados diretos na forma como o tratamento e prevenção da ansiedade são feitos ainda serão necessárias mais pesquisas, explica o Dr. Flávio.

A pesquisa traz uma boa perspectiva da relação, mas ainda é necessário estudos mais robustos para ter impactos mais concretos no manejo da condição. No entanto, cuidar da microbiota intestinal traz benefícios ao cérebro o que pode desencadear melhoras também na saúde mental, então cuidar da microbiota é benéfico em geral, mas para tratar especificamente da ansiedade, ainda é muito cedo”, afirma.


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